Capítulo 3
1383palavras
– Enfim, achei você! – Ao ouvir aquelas palavras Kaira tenta manter o seu olhar na figura parada na sua frente aproveitando os pequenos flashes de luz, ela se encolhe quando sente a mão dele atingir a sua cintura.
– Por fa-vor. – Diz ela pausadamente.
– Por favor, o quê? – Questiona o homem devorando-a com o olhar. – Você agora pede por favor? – Ela gela ao sentir a pressão do corpo dele sobre o dela. – Implora para eu não tocar você, então me dê um motivo para eu não fazer. – Ele aproxima o seu rosto do dela, ela encara aqueles olhos negros como a noite e seu corpo treme com a tensão daquele momento, ela quer gritar, mas parece que está com um nó na garganta e nada que ela diz se faz audível. – Eu sabia que te encontraria. – Ele cheira o pescoço dela e dá um beijo próximo dos seus lábios, fazendo ela virar o rosto.
– Não faça isso, por favor. – A voz dela é fraca, ela soluçava sem parar, enquanto seu corpo continua tremendo com o medo presente.
– Você agora é minha, para sempre minha e quando terminarmos será o dia da sua morte. Lembre-se dessas palavras, pois é tudo que você ganhará. – Ele rasga o vestido dela de forma violenta, ele encara o olhar assustado daquela mulher e naquele momento por mais que ele queira traumatizá-la tocando seu corpo sem delicadeza, ele não tem certeza se quer fazer aquilo, ele repara que ela está lutando para manter-se acordada, então percebe que ela está drogada, ele por um momento fica com pena dela e quando se dá conta do seu sentimento, ele dá um tapa na cama ao lado dela, fazendo-a se contrair mais um pouco, ele levanta-se e resmunga para si. – Ela merece, ela merece, tudo que você fizer, ainda será pouco. – Mais uma vez ele se debruça sobre ela, mas aquele olhar perdido, cheio de lágrimas implorando por misericórdia o impedem de tocá-la. – Droga! – Resmunga ele. – Você me decepciona, você é um fraco, como não consegue fazer isso? – Diz ele para si enquanto a observa. – Você irá para casa do seu marido amanhã. – Diz ele se aproximando novamente. – Nunca mais na vida você terá felicidade, você sofrerá diariamente, sem ter como fugir. – Ele a observa novamente e sai do quarto batendo a porta, ele vai até à garagem do hotel o seu motorista abre a porta do carro. – Você ficará como o segurança dela, se algo acontecer você estará morto. Peça a alguém para comprar um vestido para ela e pela manhã leve-a para a mansão. – Ele estende a mão e o motorista entrega a chave do carro, sem soltar uma palavra, o homem entra no carro e sai do estacionamento acelerando tentando controlar a sua frustração.
Kaira tenta se movimentar, mas não consegue, ela chora até suas lágrimas secarem e lentamente sente o seu corpo parar de tremer, ela suspira aliviada por aqueles momentos tensos terem chegado ao fim. Ela adormece na posição que ele a deixou, com o vestido rasgado e ainda calçando o seu salto alto. Na manhã seguinte, ela acorda sentindo a sua boca seca e seus olhos pesados, ela faz um enorme esforço até conseguir os abrir, antes de se mexer ela observa todo o ambiente na sua volta e percebe que não está no seu quarto, ela senta-se rapidamente na cama sentindo sua cabeça rodar e doer como se estivesse com uma baita ressaca, ela continua com seu raciocínio lento e aos poucos ela vai assimilando as coisas, quando ela observa que está seminua com seu vestido rasgado, ela se assusta.
– Nãooooo, isso não. – Mesmo gritando, a sua voz é tão baixa que ninguém a escutaria se ela gritasse por socorro, ela passa a mão no seu corpo assustada, sem ter certeza se foi ou não abusada, pois seu corpo parece estar extasiado naquele momento, e ela não sente nada, seu choro agoniante invade o ambiente, enquanto ela se esforça para sair da cama, logo que consegue ficar de pé, ela cai no chão no primeiro passo que dá. – Por favor meu Deus, por favor. – Implora ela com seu rosto colado ao chão. – O que aconteceu? Onde eu estou? – Questiona-se chorando. – Ela tira os saltos e novamente se esforça para levantar, ela usa os móveis do quarto para se apoiar e caminha pelo quarto, ela abre uma porta que é o banheiro, ela vai usando a parede até chegar no chuveiro, ela deixa a água gelada escorrer pelo seu corpo, enquanto se esfrega, ela deseja que ninguém tenha a tocado, suas lágrimas se misturam com a água que cai do chuveiro e ela reza baixinho. Quando ela consegue sustentar seu corpo, sem precisar se apoiar, ela sai do banho e se enrola num roupão, seu coração acelera ao sair do quarto e avistar o homem de terno parado em frente a porta. – Ai meu Deus. – Diz ela levanta a mão ao peito, sentindo as batidas fortes do seu coração. – Quem é você?
– Sra. Keller, me desculpa por te assustar. – Ela encosta-se na parede tentando assimilar o que ouviu.
– Senhor, você errou de quarto, por favor, saia. – Ela pede com a voz trêmula.
– Seu marido pediu para entregar isso a você, te espero ali fora, para te levar até a sua nova casa. – Diz ele deixando o vestido sobre a cama, ela observa todo o quarto tentando achar um telefone, sem sucesso, pois foi retirado antes da sua chegada, ela desliza o seu corpo na parede e coloca a cabeça entre suas pernas tentando se acalmar.
– Por favor Deus, me ajuda a sair daqui, me mostra uma luz ao fim do túnel, não me abandone. – Ela Implora em lágrimas, sem ter lembranças da noite passada. – O que eu fiz? Mamãe, se a senhora está me ouvindo, me ajuda, não me deixa desamparada. – Ela escuta as batidas na porta.
– Por favor senhora, não demore, ele não gosta de esperar. – Diz o homem que está aguardando lá fora.
– Eu não vou fazer isso, eu não vou sair para nenhum lugar com você. – Grita ela desesperada.
– Senhora, não dificulte, eu tenho ordens para levá-la a força, seja boazinha e me ajude com isso.
– Pensa Kaira, pensa. – Ela suspira e se veste, saindo do quarto com seu salto na mão.
– Senhora, coloque os seus sapatos, por favor.
– Não, ele está me machucando. – Diz ela caminhando na frente dele, ele a segura pelo braço.
– Me desculpa, mas ande perto de mim. – Ele a guia até a garagem, que já tem um carro estacionado os esperando, quando ele abre a porta de trás para ela, Kaira aproveita e bate o salto na mão dele e sai correndo dali, tentando se salvar. – Que droga. – Resmunga ele removendo o salto que ficou preso em sua pele, ele fecha os olhos ao puxar e em seguida pressiona o sangue e vai atrás dela.
Kaira corre sem direção, quando ela alcança a rua, ela encontra um rosto familiar e sorri aliviada abraçando-o.
– Graças a Deus! Me ajuda papai. – Pede ela desesperada e, ao mesmo tempo, aliviada.