Capítulo 46
1626palavras
Mesmo de costas eu sabia que era Magie, já que na nossa nova casa só morávamos nós dois. Eu tinha comprado ela algumas meses atrás, queríamos ter o nosso próprio lugar antes que nossa princesinha chegasse e como minha Barbie insistia que continuaria a trabalhar mesmo depois do nascimento procuramos uma casa perto da loja.
Levou um tempo até que ela escolhesse, mas eu nunca vi uma mulher tão feliz quando finalmente tomou a decisão.
— Porque a sua filha ainda não nasceu. — ela murmurou as minhas costas, envolvendo meu corpo com as mãos. — Não tive um casamento direito da primeira vez e agora eu quero fazer tudo perfeito. Então não vai me fazer entrar em um vestido com uma barriga desse tamanho e me deixar parecendo que carrego uma bola nas nossas fotos de casamento.
Essa era a resposta dela quando eu comecei a falar sobre a cerimônia. Mas ela estava decidida a só se casar depois do nascimento da nossa Hope.
O nome da nossa menininha não podia ser mais perfeito, poi enquanto estávamos presos naquele lugar ela significou exatamente isso para nós: esperança! E continuava significando isso, ela era o pontinho de luz e amor na nossa vida.
— O papai não vê a hora de você nascer! — afirmei me virando e envolvendo a barriga grande dela. Os oito meses tinham chegado e ela estava ainda mais linda, mesmo com aquela carinha amassada de sono.
— Está tão desesperado assim para se casar comigo senhor Fontes? — ela se sentou na cadeira ao meu lado e eu me virei, encantado de mais para tirar meus olhos dela.
— Estou! Preciso prender essa mulher linda enquanto tenho a chance, antes que perceba que é boa de mais pra mim. — ela abriu um sorriso largo aquecendo meu coração. — Mas estou ainda mais ansioso para conhecer nossa filha. Tenho certeza que ela tem o rostinho da mãe.
Magie se inclinou para frente segurando minhas mãos e as levou até a boca, plantando um beijo em nos meus dedos não se importando com o a cicatriz no lugar do meu antigo dedo.
— Tenho certeza que ela tem muito do pai também. Principalmente esses olhos que mexem muito com a mamãe. — lancei uma piscadela e ela me puxou no mesmo instante para perto, com um sorriso nada discreto.
— Nem comece com essas coisas, nós temos um almoço para ir, mamãe. — falei já me levantando antes que ela fizesse alguma coisa que nos levasse a transar.
Estava dando tudo de mim para não agarrá-la toda vez que vinha atrás de mim, não me aproveitar de todo o fogo que só aumentou com a gravidez. Eu me forçava a lembrar sempre que era uma gravidez de risco e Magie não devia fazer esforços.
Só de pensar nela sangrando como naquela cela, perdendo o nosso bebê, pânico me tomava, eu faria de tudo para evitar aquilo a qualquer custo!
— Temos mesmo que ir. — ela falou fazendo um biquinho e eu tive que rir daquela expressão que a deixava ainda mais fofa.
— Temos sim, Barbiezinha. — peguei um prato e coloquei na frente dela. — O que vai querer comer? A mamãezinha acordou tarde hoje.
— Eu não sei, qualquer coisa que tiver aí. — Magie suspirou chamando a minha atenção, ela sempre queria um café elaborado. — Eu estou me sentindo meio enjoada e com uma dor chata que não passa.
Me aproximei dela enquanto suas mãos acariciavam a barriga e sua cabeça se inclinava para os lados. Levei minhas mãos para os ombros dela, observando seu corpo ainda mais de perto.
— Tem certeza de que está bem? Podemos ir ao médico, dar uma checada em tudo, ou ficar em casa se você quiser, podemos só ligar e avisar que não vamos ao almoço. — tagarelei preocupado que ela estivesse muito cansada ou até mesmo estressada, depois do nosso sequestro nada foi igual e os pesadelos dela ficaram mais constantes.
— Não, eu estou bem! Me dá qualquer coisa para comer e acalmar sua filha e então vamos pra esse almoço. — virei o rosto dela para cima até que eu pudesse olhá-la olho no olho. — Estou falando sério, eu estou bem, fica tranquilo.
Plantei um beijo na testa dela e então andei para o fogão começando a preparar o café da minha enjoadinha.
Eu só podia esperar para que nada acontecesse para estragar o nosso almoço, Sophie, minhas irmãs e até mesmo a mãe da Magie, tinham se empenhado em planejar esse dia para nossa Barbiezinha, ela merecia ter um dia especial e era isso que tínhamos planejado para hoje, um dia sobre ela e Hope.
Depois que tomamos um café, tomamos um banho rápido e trocamos de roupa antes de sairmos para a casa de Sophie. Apesar de ser um tanto longe todos gostávamos de nos reunir lá.
— Você tem certeza que está bem? — perguntei quando paramos na frente da casa. Magie tinha passado o caminho todo um tanto quieta e isso estava começando me preocupar.
— Estou, não é nada de mais. — ela tentou me convencer bem no instante que todos começaram a sair de dentro da casa.
— Não, já chega! Vamos para o hospital. — liguei o carro novamente, pronto para sairmos de lá, mas ela segurou minha mão me impedindo. — É só um incomodo e prometo que logo vai passar, eu só preciso ver meus sobrinhos pra me sentir melhor.
Sem esperar mais ela abriu a porta do carro e saiu indo direto para os três pequenos, Mary estava no colo do pai, já Sebastian estava agarrado a Carla, não sei porque, mas o garoto já adorava ser paparicado e ter atenção das mulheres da nossa família.
E o terceiro bebezinho ali era a filha de Elizabeth, mesmo com Cris longe ela continuou junto da nossa família, todos nos apegamos por aquelas duas. Cris ainda estava enfiado em algum buraco, desde que a máfia o levou para a reunião ele nunca mais voltou ou entrou em contato, nós estamos esperando que ele apareça mais cedo ou mais tarde, já que foi o que nos garantiu, assim como prometeu a Elizabeth que voltaria para casar com ela.
— Awnn aí estão meus sobrinhos favoritos! — Magie gritou apertando as bochechas de Mary, enquanto Sebastian se agitava querendo pular no colo dela. — E você minha linda? — ela se virou para Angel dando beijinhos no rosto dela e arrancando uma risada empolgada.
— Deixe de querer chamar atenção garotão. — disse pegando Sebastian no colo e sacudindo os cabelos dele. — Você tem que ficar longe das minhas meninas, especialmente dessa aqui. — apontei para a barriga de Magie e ele pareceu se agitar ainda mais.
O garoto não podia ver a barriga de Magie que se agarrava a ela, como se soubesse que tinha um bebê ali dentro. Tinha apenas onze meses e já parecia entender tudo o espertinho.
— Vamos entrar, você não está com uma cara muito boa, filha. — a mãe de Magie tocou seu rosto e me deu uma olhada.
Eu não tinha sido o único a notar que ela não estava bem, mas minha mulher simplesmente sacudiu a cabeça e entrou.
— Precisando de uma cadeira loirinha? — Luke disse assim que ela entrou, andando com Monalisa nas suas costas, o observando de perto.
— Como se minha mulher fosse sentar no seu colo, seu safado! — resmunguei dando um tapa nas mãos dele antes que Luke conseguisse tocar a barriga dela, mas isso não o impediu.
— Aí vocês dois, tudo o que eu quero é que Hope nasça e todos vocês tenham outro bebê para ocupar o próprio tempo.
Luke se aproximou e plantou um beijo no topo da barriga dela, como um bom padrinho, antes de deixar que ela se virasse para o sofá.
— Além do mais, Luke já tem alguém pra sentar no colo dele. — James gritou do outro lado da sala chamando a atenção de todos. — Não é mesmo?
Todos encaramos os dois, a conversa que começou a correr alguns meses atrás foi de que ele estaria ficando com a enfermeira. Só que nenhum dos dois deixava nada transparecer e eu duvida que Luke pudesse fazer alguma coisa na atual situação dele.
Mas como uma boa família que éramos fizemos uma aposta e o bolão estava mais do que alto agora.
— Achei que seu filho fosse aquele ali, do outro lado da sala, que está doido pra ter dar mais netos. — Luke retrucou apontando para Patrick. — Vamos falar disso, o que acha?
— Primeiro, vocês todos são meus filhos. — James agarrou a cabeça dele, o apertando contra seu corpo só para provocá-lo ainda mais. — Segundo, eu estou aberto a todos os netos que vocês quiserem me dar.
Aquele homem tinha o maior coração que eu já tinha visto, porque abrigava a todos que conhecia com muito amor, mesmo que tivesse acabado de conhecer.
— Eu não estou aberta a te dar nenhum neto por uns bons dez anos! — Sophie exclamou arrancando uma gargalhada de todos nós e um olhar um tanto triste do marido. — Agora é a vez da Magie nos dar o novo membro da família.
— E é por isso que inventamos esse almoço, pra fazer uma surpresinha para você! — Audrey falou sorrindo antes de apontar para a sala.
— O que vocês aprontaram? — Magie perguntou olhando pra todos nós ali, sabendo que todos tinham armado pelas costas dela.